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Kant


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Kant, por Feinmann, f. de l.


vb. criado em 14/04/2015, 23h56m.


Kant quer conhecer e explicitar os fundamentos do conhecimento, conhecer o conhecimento. A crítica da razão pura é uma investigação sobre os alcances e limites da razão.

Kant parte de Hume, para quem não havia possibilidade de fundamentar nem a ciência nem o conhecimento: as coisas ocorriam por hábito. A determinada causa segue-se certo efeito, não por necessidade universal nem por algum fato científico demonstrável. O princípio de causalidade está baseado na noção de hábito: estamos habituados a que o efeito x se siga à causa y.

Kant, em vez de partir do objeto, parte do sujeito cognoscente: a ele se apresentam coisas, na experiência, e ele, ao conhecer o objeto, lhe dá forma. Ou: só há objetos para o sujeito cognoscente. Porque? Porque dentro da sensibilidade estética estão as categorias (as intuições) de espaço e tempo, fora das quais o sujeito nada pode conhecer (o sujeito só pode conhecer algo dentro dessas molduras); espaço e tempo não estão no objeto, são os modos em que o sujeito pode conhecer todos os objetos, e não pode conhecer nada fora desses modos, que ele põe. Por isso ele é sujeito constituinte, ele constitui a realidade. Ele dá às coisas a forma que necessita que tenham para que ele possa conhecê-las.

Kant analisa o entendimento, e ali encontra as categorias do entendimento (unidade, pluralidade, totalidade, realidade, negação, limitação, etc.). Dentro dessas categorias entra toda a realidade.

As categorias de que fala Kant não são as mesmas de que falava Aristóteles. Para este as categorias eram categorias da realidade, porque não partia de uma concepção subjetiva para conhecer o real. Em Kant as categorias são do sujeito, não da realidade.

A Kant não importa o que a realidade seja em si mesma. Não posso conhecê-la. O que posso saber é como o sujeito constrói uma realidade para ele. O sujeito dá forma às coisas mas não sabe que são as coisas em si mesmas. Formalismo kantiano /v. Formalismo na arte/: uma forma que é o mundo da experiência possível, aquela que o sujeito assume para si como possível, que pode fazer possível desde si. Há outro mundo, além do da experiência possível, que é o mundo numênico, do Númeno, o mundo das coisas-em-si, mas este não podemos conhecer, é incognoscível para a razão humana (v. Lacan).

Logo, todo conhecimento parte da experiência, mas não se resume a ela. A materialidade se apresenta, mas sobre ela o sujeito impõe o espaço, o tempo e as categorias do entendimento, e, com essas fôrmas, dá forma ao objeto. A matéria não é o objeto, é a matéria. O que o objeto é, só é quando o sujeito lhe dá forma. Por isso só há objetos para o sujeito.

O entendimento -- isto é, a razão -- dita leis à natureza. Por isso o sujeito de Kant é o sujeito transcendental /v. Transcendência/, querendo dizer que a razão é constitutiva de um mundo que cria para que possa conhecê-lo.


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